Sep 27, 2010

Alguns conseguem...herdar

Rainha Victoria (1819-1901) Um dos raros exemplos felizes de herança no poder.


Tenho certa implicância com quem herda. Herdar é uma palavra muito ampla, que vai desde a parte legal da coisa – herdar dinheiro, por exemplo – até quando se recebe hábitos, traços e manias dos outros. Desde sempre, a herança é vista com desdém, especialmente por quem não herda nada, ou acha que não.

Mas a minha birra com quem herda está mais relacionada à ética. Herdar demanda um certo conjunto de princípios que poucos possuem. A modéstia e a capacidade de ocultar, esconder a origem daquilo que se ganhou. A herança é legítima?Nem sempre. Existe o “golpe do baú” para dizer que não, existe a nossa própria cara para denunciar o recebimento involuntário dos nossos pais, talvez a única herança automática, a biológica.

Isso nos faz pensar sobre o direito de herança. Se por um lado, herdamos sem querer, por outro queremos ter esse direito. Queremos herdar o capital, seja ele simbólico, afetivo ou material e herdar como agente ativo é a mais interessante forma de receber algo, é querer e às vezes merecer aquilo.

Herdar é sempre ilegítimo? Se estivermos falando do capital material transformado em dinheiro é sim. Ou até sermos nós próprios os herdeiros. Se alguém deposita um milhão de reais na sua conta e diz que é seu, haverás de recusar? Com toda certeza não. Os menos corajosos podem até perguntar a sua origem, mas devolver, jamais. Apenas a herança dos outros deve ser abolida. Que o diga, nossa quase futura presidente, Dilma Rousseff.

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