May 24, 2009

Alguns conseguem...ser brasileiros

O brasileiro e sua única expressão de patriotismo, a camisa da seleção

O jogador de futebol Ronaldo disse em recente sabatina a um jornal de SP que quer que se eu filho tenha educação europeia e seja europeu, com amigos europeus pois os brasileiros são “malandros”. Nada contra aos brasileiros, mas é assim que ele prefere que sua cria seja crescida. Pois bem, declaração trabalhosa essa.

Primeiro porque ser brasileiro não é uma escolha, ou se é ou não. No caso do seu filho, definitivamente ele é brasileiro. Não só pelo passaporte, mas se você considerar a regra “onde blood drop”, ou seja, se você possui uma gota do sangue dos seus ascendentes, você é também um deles. Ou seja, se ele tem pais brasileiros, ele sempre será brasileiro (e mestiço, diga-se de passagem).
Segundo que por o garoto ter vivido toda a sua curta vida num meio de classe alta italiana, o que foi possível apenas pelos altos salários pagos a seu pai, ele com certeza será educado, mas nem por isso europeu. Para ser algo, é necessário ser aceito pelo seu grupo. Dificilmente ele não terá tarjado em sua testa o nome do Brasil.

De qualquer forma, isso não é importante. O ponto é: Qual o mal de ser brasileiro? Porque Ronaldo não quis vestir essa camisa? Será alguma espécie de trauma?. Também poderíamos nos perguntar se vai ser sempre assim. Apenas o tempo responderá.

O brasileiro antes de tudo, precisa responder ao mundo quem ele é. Um mestiço? Um mulato? Uma pessoa alegre ou que ri por desespero? Enquanto para tudo isso não houver resposta, ficará difícil ser qualquer coisa, inclusive brasileiro.

Abaixo algumas frases que já tentaram definir o Brasil e os brasileiros:

Ser brasileiro é uma coisa única no mundo; é de uma originalidade delirante. Mário de Andrade

O brasileiro não está preparado para ser o maior do mundo em coisa nenhuma. Ser o maior do mundo em qualquer coisa, mesmo em cuspe à distância, implica uma grave, pesada e sufocante responsabilidade.

Nelson Rodrigues

Assim como o brasileiro foi educado para perder, o americano foi educado para ganhar.
Tom Jobim

Se a única coisa que de o homem terá certeza é a morte; a única certeza do brasileiro é o carnaval no próximo ano.
Trecho do livro 'Em Liberdade' de Graciliano Ramos


O brasileiro é um feriado.
Nelson Rodrigues

May 10, 2009

Alguns conseguem...trair

Judas e seu amante, Jesus, traído como todos nós já sabemos

Muito ainda se discute sobre a traição, talvez o último dos tabus medievais do ser humano contemporâneo. Do rico ao pobre, todos a sentem. A temem. A condenam. O traidor na nossa sociedade é alguém malvado, sem escrúpulos, que mente como quem vai ao supermercado. Alguém sem chance de defesa.

Se levarmos a discussão sobre traição amorosa, aí é que a coisa fica complexa e trágica. Primeiro porque existe o mito que amar é se aprisionar, é ser uma espécie de celibatário para uma pessoa. Mas o que seria trair hoje em dia? Pensar em alguém com desejo? É ir ao encontro desse alguém? Qual a diferença entre as duas ações?

Segundo porque a traição pode significar duas coisas diferentes para cada um. Para o homem é o sexo: Alguém utilizou seu brinquedo de uma maneira mais criativa que ele. Para a mulher, o compromisso e a rejeição. Alguém mais bonita passou na frente de casa. Para os dois, algo inaceitável numa relação dita séria (saudade de Sartre e Simone de Beauvoir).

Freud dizia que a fantasia é o caminho certo pra cura. Talvez devêssemos encarar o adultério desse jeito: mais um sonho realizado do que uma questão de caráter. Assim, além de diminuir drasticamente o sofrimento, não usaríamos tanto as leis tipo “Maria da Penha” e espaços nas páginas policiais.