Robert Judd - Bewusstein, 1610.
Uma das questões pouco faladas na literatura de nosso tempo é o pensar. Esse gesto individual e secreto de organizar o que se passa na nossa cabeça, elaborando uma resposta que faça sentido para nós mesmos e em seguida para os outros. À essa convivência íntima, que inclui não só o pensamento, mas as emoções e seus derivados é que damos o nome de espírito.
No Latim, a palavra vem de “spiritus”, que significa respiração ou sopro. “O sopro da vida”, “Espírito de porco”, “Pobre de espírito”. Inúmeras vezes temos o conceito de “espírito” misturado com o de “alma”. Filósofos explicam que, um dos desafios de se pensar o espírito hoje é a própria educação judaico-cristã a qual estamos submetidos. Nela, a alma (que é de Deus), está em todos os lugares, inclusive no que chamamos de intelecto: impedindo automaticamente de nos imaginar seres autônomos, cada qual com o seu espírito individual e não dentro dessa amálgama moral.
Hannah Arendt escreveu “A vida do espírito”. Coletânea que em três volumes reflete sobre o tema a partir de grandes ações humanas: o querer, o pensar e o julgar. A obra - incompleta, pois a autora faleceu durante a escrita - nos faz viajar por séculos de pensamento, partindo da antiguidade clássica até os grandes alemães.
A dúvida nos nossos dias é mesmo saber onde foi parar o espírito. A palavra é cara às grandes denominações cristãs, e na melhor das hipóteses, tornou-se um modo de se referir a alguma coisa metafísica. Numa época em que a sede por registros é grande (vide o fenômeno das redes sociais), seria de extrema valia viver numa terra de menos corpos e mais espíritos, segundo o conceito aqui apresentado.
Antes de qualquer coisa, quero dizer que estou com saudades de você, amigo!
ReplyDeleteVocê some e ,embora respeite sua distância, não a entendo. Ainda que esteja com muito trabalho.
Mas respeito seu tempo e sua falta de tempo.
Sobre essa coisa de espiritualidade, seria mesmo muito melhor viver numa terra de menos corpos e mais espíritos. Onde o valor de alguém fosse calculado pela sua sensibilidade. Pela capacidade que ele tem de encantar, pela sua leveza da alma.
Mas é um mundo de corpos cada vez mais valorizados a detalhes (vide matéria na revista Época sobre adolescentes e beleza).
Onde vamos parar??
Nesse mundo da matéria e do excessivo culto à beleza, sou um contestador.