Desde a popularização das chamadas “redes sociais”, assistimos intensos movimentos de “arqueologia sentimental” entre os seus participantes. Especialmente para quem chega, procurar ex-amigos, ex-namorados(as), ex-professores e até ex-desafetos é quase um caminho natural. Importante é fazer a “máquina do tempo” funcionar, construir uma ponte da nossa pré-história até o ontem.
Longe de ser um mérito do Facebook ou do Orkut, desde sempre, “até as pedras se encontram” como diz o ditado. Gerenciar pessoas cujo significado esvaiu-se com as folhas do calendário é mais uma questão de coragem do que de indiferença.
O apego ao passado pode ser justificado de várias maneiras. Não podendo entrar em todas agora, poderíamos citar a própria cultura do “bairro” como uma das motivadoras. Viver numa comunidade nos deixa com um robusto senso de eu e reviver isso, é um conforto ao sempre sombrio presente.
Por outro lado, há um traço de decadência e mediocridade neste apego. A tentativa de resgatar as experiências passadas como se faz com os “fósseis” soa como um casulo provinciano, do qual, nós, pessoas livres, temos que escapar.
Nada contra ao que aconteceu no passado, o que se deve combater é que através de pessoas que fizeram partes do "ser anterior", justifiquemos a nossa inatividade e a inutilidade de velhos amigos que por questões infantis, os trazemos à tona, como bandeiras de uma causa perdida.