Dizem os especialistas que a Caixa de Pandora na verdade é um vaso. Virou caixa graças a um erro histórico de tradução.
Ilustração: Alessandra Cavalcanti (Alê): tresbonecas.blogspot.com
No dia em que se completa 108 anos da morte de Friedrich Nietzsche, publico algo sobre um assunto que estava na minha cabeça há um certo tempo. Na verdade, nunca tive a coragem de escrever, acrescentando-se o fato de que qualquer coisa que escrevesse seria minúsculo diante do texto abaixo.
"Pandora trouxe o vaso que continha os males e o abriu. Era o presente dos deuses aos homens, exteriormente um presente belo e sedutor, denominado 'vaso da felicidade'. E todos os males, seres vivos alados, escaparam voando: desde então vagueiam e prejudicam os homens dia e noite. Um único mal ainda não saíra do recipiente; então, seguindo vontade de Zeus, Pandora repôs a tampa, e ele permaneceu dentro. O homem tem agora para sempre o vaso da felicidade, e pensa maravilhas do tesouro que nele possui; este se acha à sua disposição: ele o abre quando quer; pois não sabe que Pandora lhe trouxe o recipiente dos males, e para ele o mal que restou é o maior dos bens – é a esperança. – Zeus quis que os homens por mais torturados que fossem pelos outros males, não rejeitassem a vida, mas continuassem a se deixar torturar. Para isso lhes deu a esperança: ela é na verdade o pior dos males, pois prolonga o suplício dos homens."
Friedrich Nietzsche, In: Humano, Demasiado Humano.