Não sei se é impressão minha, mas vivemos uma época em que temos cada vez menos amigos, e aqueles a quem damos esta carinhosa alcunha, estão cada vez mais distantes. Há pouco tempo uma amiga me disse que não queria se aproximar de gente nova pois não tinha tempo para “doar” e que as pessoas cobram de você quando você oferece atenção. Fiquei me perguntando o quanto isso tem de “humanidade”. Ela está correta em dizer que só podemos prometer aquilo que temos condições de dar, entretanto, não estou certo o quanto posso subestimar a atenção que recebo de alguém. Não acredito que somos como um vale refeição, um ingresso para o cinema. Pessoas são mundos, já dizem todas as máximas filosóficas, e se nos afastamos de novas pessoas, fechamos portas,eliminamos possibilidades; Fazemos o nosso mundo, imperfeito, o cubículo apertado onde passaremos o resto da nossa breve vida.
De certo, temos muitas pendências formais atualmente: contas pra pagar, chefe pra satisfazer, namorados para agradar (ou vice-versa). Mas temo que seja por aí que comece a nossa miséria. Nem precisa dizer que trocar um café num fim de tarde com alguém interessante por colocar a roupa na máquina é no mínimo humilhante; É como se disséssemos aos nossos sentimentos: o último que sair, apague a luz.