Jan 31, 2009

Alguns conseguem...manipular

Big Brother - Forma contemporânea de dominação

Andei pensando nos últimos dias nas diversas formas de manipulação de um ser humano por outro. A Comunicação estuda muito isso, assim também como faz a Antropologia. De certo a dominação está presente também no reino animal, porque não estaria no mundo humano? O fato é que este tipo de relação ganha “roupagens” diversas em cada sociedade, dependendo apenas da história para agravar esse ou aquele ponto de oportunidade, em favor de algum espertalhão.

Na semana do aniversário da volta do Aiatolá Khomeini ao Irã, penso na manipulação religiosa. A mesma que levou 10 milhões de pessoas recebê-lo de braços abertos em Teerã ; a mesma que faz as pessoas acreditarem em perseguição do inimigo no desabamento do combalido prédio da Igreja Renascer. O que também acontece com os rios de dinheiro que brotam da Igreja Universal. Se a dominação de massas virasse petróleo, ali com certeza seria a Arábia Saudita, ou mais chique, Dubai.

Mas não só os religiosos se prevalecem das habilidades neurolinguísticas para conseguir o que querem das massas. A Televisão também é mestra na arte de conduzir. Não só no Brasil, não só a Televisão. Mas se atendo a este meio de comunicação no nosso País, há muito pano pra manga. Por exemplo, falar de todos episódios nos quais a TV Globo conseguiu implantar uma cultura ou até mudar decisões importantes do país é lugar-comum.

Hoje, o Big Brother é umas das mais recentes tentativas de fidelizar o telespectador, de mudar seus hábitos, de gerar novos ídolos e com isso, dinheiro. O BB consegue em maior ou menor medida, transformar pessoas comuns em formadores de opinião. Começo a chegar à uma conclusão um pouco triste, que não é novidade. O ser humano adora dominar e mais ainda, ser dominado.

Jan 18, 2009

Alguns conseguem...vencer (n)a vida

Armadilha para executivos - Gravura. Regina Silveira, 1974

Tenho me questionado sobre o conceito de vencer na vida. Como qualquer mortal do ocidente crescido no ultimo século, é claro que presenciei bastante esse tipo de comentário. “Fulano vai vencer na vida”, ouvimos o tempo todo. É engraçado que vencer na vida é primo do “ganhar a vida”. Ambos são formas de enxergar a sobrevivência.

Chama-me muito a atenção o conceito de “se dar bem” estar associado à questão material (ganhar dinheiro) e individual (a vida é sua). À como os indivíduos se desenvolvem num contexto competitivo nascidos para ganhar. Sendo que a grande metáfora está no fato que "vida" acaba tendo um sentido impressionante de "coisa", o mesmo que "muralha" ou "guerra". Vencer a vida talvez fosse algo mais adequado.

Não chego a uma conclusão sobre qual o significado exato de se vencer na ou a vida e provavelmente isso será assunto em outros posts. Mas se chegasse, provavelmente diria que a saída para este tipo de aprisionamento moral está mais nas pessoas (amigos, amores, prazer) do que nas coisas (emprego, carro, apartamento). Nunca vencemos algo, vencemos sempre alguém - nem que seja a nós mesmos. Portanto, vencer o vencer na vida seria uma forma de traduzir o esforço que temos para derrotar a gente e seus preconceitos; de ter nossas falhas e pestes ocultas; de não querer ser o animal que consegue comer ração de primeira.

O Vencedor Vencido

Não é fácil amar o que venceu,
o que leva alguns passos de avançada,
que o amor só se oferece ao que perdeu,
muito embora com culpa declarada.
Todavia, o que vence multiplica
sobre si as angústias de perder:
interroga, analisa e só complica
aquilo que não pode perceber;
e quando, em esgotamento prematuro,
ele aceita uma calma provisória,
vêm os homens que o lançam contra o muro
e lhe atiram ao rosto essa vitória.

Isabel Gouveia, in "Tangentes e Consequentes"

Jan 10, 2009

Alguns conseguem...ser adultos

Saiorse Ronan como Briony, a cara já diz tudo.

Estive nos últimos dias assistindo ao filme “Desejo e Reparação”(Atonement, 2007) e um ponto da trama me chamou bastante atenção. No filme,a personagem da atriz Saiorse Ronan, Briony, vive espionando sua irmã e seu namoradinho, enquanto escreve e imagina situações reais ou imaginárias. Não veria problema se por causa da crescente inveja e rancor – alimentados pela escrita – ela não criasse uma mentira que afastaria sua irmã do namoradinho para sempre.

Me perguntei durante o filme, qual seria a sua maior motivação para que ela agisse assim. Inveja? Com certeza, mas não só isso. Observei muita impotência nas suas atitudes, muito sofrimento por não poder concorrer com a sensualidade e rebeldia da irmã. Muita dor por não ser enxergada como gostaria pelo galãzinho. Isso é perigoso. Especialmente quando se é criança ou adolescente - Quando os sentimentos muitas vezes não casam com o corpo e com a cabeça que se tem. Cheguei à conclusão que se ela fosse adulta, poderia ter agido diferente. Fosse jogando o seu charme, fosse sufocando as mágoas com outro alguém. Não importa.O ato foi infantil e é assim que agem as crianças que não podem lutar como adultos, embora psicologicamente estejam entre eles. Ser imaturo não é um problema, quando se respeita os limites da ação e da reação - Quando as armas são as mesmas dos seus inimigos.

Uma criança manipular a verdade que contenha conceitos dos quais ainda não faz parte (como amor, traição, sexo) é tão perigoso quanto um adulto aproveitar a confiança que dispõe da família para se aproveitar sexualmente do pequeno (que às vezes nem é tão inocente assim, mas enfim, todo tipo de coação é condenável); e nessa história, os menores de 18 anos podem ser tão maníacos quanto qualquer adulto - os convencionais culpados. Não esqueçamos que ambos são seres iguais, apenas em estágios diferentes.